Outubro 14 2007

  

 

 

 

 

  

 

    Acabei de ver o filme "American Beauty" do realizador inglês Sam Mendes e argumento do norte-americano Alan Ball. Sinceramente fiquei impressionado com o filme pela positiva. Fui impelido a ver este filme pela professora de Prática Psicológica II (uma unidade curricular do meu ano) que disse que tinhamos que fazer um trabalho (ainda não percebi bem que tipo de trabalho ela quer ao certo) sobre este filme. Como se tratava de um filme, fiquei curioso saber o porquê da professora exigir a sua visualização em vez de exigir a leitura de um livro, artigos ou coisa do género. Daí que dirigi-me ao clube de video perto de minha casa e consegui alugar a tão falada fita.

   No interior da capa vinha uma reflexão do realizador acerca do filme, das personagens, da sua dimensão psicológica... decidi não ler visto que podia enviesar o que estou a escrever neste momento.

   Neste filme conseguimo-nos aperceber da realidade complexa e transcendental que é o comportamento humano, os sentimentos, a ética e a razão pura. É também a chamada de atenção para a necessidade de contextualização dos comportamentos humanos, quer no macro como no micro contexto social dos agentes comportamentais.

   Na minha opinião, trata-se de uma crítica feroz á civilização americana. De facto, a superficialidade das relações nesta sociedade é total, a dimensão humana cada vez é mais escassa, e a capacidade para apreciar os pequenos pormenores da vida morre cedo.

   O filme revela uma família com caracteristicas particulares, mas também vulgares na sociedade ocidental em geral. Um casal problemático, uma filha adolescente que é o "sintoma" dessa "doença marital", vivendo num mundo de incertezas e inseguranças e criando mesmo uma rígida "crosta" para se proteger de todas essas ameaças externas. O pai pareceu-me desde o início do filme um sentimental, coisa que se iria confirmar mais para o final. Pareceu-me uma pessoa que vivia a vida de forma romântica embora escondendo esse sentimentalismo (por vezes a sociedade obriga-nos a isso).

    Diamentralmente oposta era a mulher dele. Implicada nos negócios imobiliários e no desejo do lucro a todo o custo, esquece-se por vezes do lado mais sentimental das coisas, do mundo, da vida. Isso podia trazer vantagens, tal como o facto de assumir o poder da relação conjugal e também ter a capacidade de estabelecer uma relação extraconjugal , mas também desvantagens certamente. Por tudo isto, este dois elementos não se conseguem encontrar em sintonia para assegurar uma relação forte e segura.

    A filha é uma adolescente como todas as outras e com as suas características próprias. A defesa que falei atrás começa a esbater-se quando conhece o seu novo vizinho e se apaixona por ele, um rapaz de dezoito anos que diz ver a beleza nas coisas mais bizarras tal como uma saca plástica a navegar ao sabor do vento e até em animais mortos e... pessoas mortas também. O pai é uma fuzileiro americano e como tal faz transparecer um regime educativo autoritário, uma incapacidade em separar a autoridade laboral da autoridade doméstica. Os comportamentos do rapaz são, portanto, os contrários áqueles que aspira em casa: droga-se, vende droga e muitas mais coisas. No entanto, isso é apenas a superficie dessa personagem resultante da educação que recebera em casa do pai: no fundo, este rapaz denota um sentimentalismo profundo.

    Por razões diferentes, estes dois jovens começam a aproximar-se um do outro e começam a namorar. Partilham experiências que apesar de diferentes revelam sofrimento psicológico.

    Voltando ainda á relação entre os pais da adolescente, eles afirmaram no filme (não me lembro da cena concretamente) que o romance deles era superficial, que apenas estavam juntos para "parecer bem", para demonstrar "êxito e sucesso" quando de facto êxito e sucesso nenhum num casamento como aqueles. A realidade superficial das relações e das coisas a emergir.

   O filme é portador de duas mensagens específicas, na minha opinião: primeira, a de que devemos analisar a realidade das relações humanas não de um ponto de vista superficial, mas exaustivo de modo a explorar o historial da vida de cada personagem do teatro da existência que é a vida, as suas vivências, as suas educações, as suas familias de origem, etc. A segunda, a de que devemos extraír um significado sentimental/romântico ás pequenas coisas que acontecem, á movimentação dos objectos, á coisa aparentemente mais banal que possamos imaginar. Apartir daqui, conseguimos extraír o significado último das coisas, extraír o verdadeiro significado da vida, extraír o verdadeiro significado do Mundo.

publicado por Simao_psi às 15:02

já nao bastava ter que levar com os canhancos (tipo DSM 4 ou os de social) agora tambem nos fazem "perder" tempo a ver filmes? andamos bem! qualquer dia chego a uma aula e está a proff a pedir para lermos a revista "Tv 7 dias" para depois fazer um plano de intervençao com algum elemento que lá esteja na revista!
daniel r. a 14 de Outubro de 2007 às 18:49

Ainda não li o post , mas este comentário merece destaque... "qualquer dia chego a uma aula e está a prof a pedir para lermos a revista Tv 7 dias" para depois fazer um plano de intervenção com algum elemento que lá esteja na revista!"

Como diz o outro: "Excelente"!
JPA a 16 de Outubro de 2007 às 22:33

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